"É muito português (não o ser-se miserável, apenas o acatar o infeliz). E pouco lusitano. Eu sou daqueles que acha que uma coisa difere da outra. Como uma linhagem antiga que foi quebrada e não se pode restaurar. Devo ter aqui qualquer coisa do norte europeu, alguma frieza a correr-me nas veias. Basta olhar para mim e percebe-se. De aspecto, engano bem. Só de aspecto.
Há momentos em que é preciso, preciso não ser egoísta e querer-se alguma atenção de quando em vez. Quando faz mesmo falta, só dessas vezes. São momentos. Daqueles que não devem implicar castração, nem limitar liberdades. Apenas sentir-se ali um gesto reconfortante. Pronto. Era simples. Esqueci-me, não existe "simples".
Isto ficou maçudo para chatear. Às vezes temos de ser chateados para abrir a pestana. Não se deve viver em marasmo nem se recomenda a pasmaceira. É de propósito.
Eu diria que isto cansa. Esta novela. Vou ali colocar um filme "daqueles", porque já se me acabou a pachorra. Como disse, gosto de um bom filme. Não gosto de telenovelas. Essas, para além de chatas, têm o condão de fazer perder a paciência. De fartar a espera. Qualquer dia canso-me de estar à espera."
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